A galera do ARMAZÉM DE IDÉIAS entrevistou a banda FRESNO no dia 3 de maio, quando a banda estava de passagem pela cidade para fazer um show. Você confere as fotos e a entrevista na íntegra logo abaixo:

A galera da FRESNO com a do ARMAZÉM DE IDÉIAS

ENTREVISTA:

1) Como surgiu a banda? Por quê?

Vavo – A banda surgiu em 1999. Quando participávamos do grêmio estudantil, a gente fazia reuniões depois da aula, eu sempre levava violão pro colégio e ficava tocando umas músicas.

Lucas – E aí a gente pensou: “Caras, vamos montar uma banda!”

Vavo – E aí a gente montou uma banda pra tocar no festival do colégio. Depois de um tempo, a gente começou a tocar músicas próprias e aí começou a Fresno.


2) De onde veio o nome Fresno?

Vavo – No início, o nome da banda era Democratas. Mas, por incrível que pareça, já tinha uma banda com o mesmo nome e acabamos ficando sem nome, a banda ficou meio sem show. Aí teve um show marcado e a gente precisava de um nome rápido pra colocar no cartaz de divulgação.

Lucas – E aí, eu decidi: “vai ser Fresno”, que é o nome de uma cidade da Califórnia.


3) Depois de quase oito anos como uma banda underground, como foi aparecer em diversos programas e tocar nas principais rádios do Brasil?

Lucas – É legal, porque a gente falava pros outros: “domingo eu vou na Hebe!”

Tavares – A gente nunca foi na Hebe! (Risos)

Lucas – Mas, enfim, Luciana Gimenez e tal... Daí todo mundo ri , mas é legal. Minha música tá passando na rádio, no Planeta Atlântida. Essas “coisas” enormes que vão acontecendo e que é “massa”. É sinal de que o trabalho tá dando certo. A gente sempre pensava isso, mesmo ingênuos, sempre teve essa pretensão: “bah, a gente tem que ter uma banda que vai ser enorme”, a gente sempre teve essa vontade e aí quando tu vê essas coisas acontecendo é muito legal!

4) Sabemos que tudo que é bom tem um "ônus", o que vocês tiveram que renunciar em virtude da fama?

Vavo – Talvez a mudança pra São Paulo, pois não digo que tivemos que abandonar, mas a família foi uma coisa com a qual a gente perdeu bastante contato.

Lucas - Mas é uma coisa que todo mundo tem que fazer um dia, porque tu não podes ficar debaixo da saia da tua mãe até os 40 anos, né? (risos) Que nem meu primo “Cizinho”, de Fortaleza, que tem 45 ainda mora com a minha tia, não é certo né...

Vavo – Tem que aprender a ser adulto, pagar as contas...

Lucas – Ou seja, essas renúncias, perto do que a gente consegue e ganha, tu acaba nem pensando nisso: “ai, que saco”, porque tem mais coisas legais do que problemas. E problemas existem em qualquer.


5) A internet foi um dos grandes impulsionadores da carreira de vocês, mas ela trouxe algo de ruim pra banda?

Vavo – Ah, se alguém quiser nos xingar, a internet é o meio mais fácil (risos). Mas não que a gente se importe muito com isso...

Lucas – A internet só trouxe coisa boa. O que traz de ruim também tem um lado bom. O nosso disco, por exemplo, antes de chegar nas lojas já tava na internet pra baixar. Aí tu pensa: “putz, que saco!”, mas daí tu pensa: “pô, mas 10 mil pessoas já baixaram”. Quer dizer, tu sabe que tem um prejuízo por um lado, mas por outro lado é bom, porque tu sabe que o teu trabalho tá tendo uma demanda grande, que a galera tá gostando e que eles vão ouvir as tuas músicas. De uma forma ou de outra, cabe a gente fazer com que essa pirataria se reverta em lucro pra gente, mas fora isso, não tem nada que a internet nos incomode.

Armazém – Vocês recebem muito xingamento?

Vavo – Tem como tem outras bandas.

Lucas – Tudo que faz sucesso,as, chama a atenção, também tem gente que não vai gostar, gente que fica brava, gente que se incomoda.

Tavares – Paciência, né, paciência...

6) Cada banda tem um som próprio e é difícil enquadrá-la num único estilo. Mas se vocês tivessem que se definir, a qual estilo a Fresno pertenceria?

Lucas – A gente é uma banda de rock.

Tavares- Somos uma banda de rock, muitas pessoas podem achar que é de pop, tem gente que ainda nem ouviu nosso disco e acha que ainda somos uma banda hardcore. Eu prefiro que chamem de rock, pois é uma coisa que engloba tudo.

7) O que vocês definem como "emo"?

Lucas – Eu não defino mais nada. Eu vejo um cara na rua e chamo ele de “emo”, ou seja, virou um chingamento, virou uma palavra do vocabulário urbana pra denominar alguém que está chorando. Ou seja, já não é mais um estilo musical, é tipo um adjetivo. Por isso não adianta eu querer ficar falando o que é se 99% das pessoas já tem uma opinião formada. Então deixa passar, que daqui há uns 3 anos ninguém mais fala mais.

8) Se vocês não tivessem uma banda, o que vocês seriam?

Lucas – Eu realmente não vejo outra coisa que eu poderia estar fazendo. A única coisa que eu mais ou menos trabalhei sério foi fazendo jigle publicitário, que, querendo ou não, é fazer música. E mesmo assim é era uma coisa frustrante, porque é um saco fica fazendo música pra um cara chegar e falar “faz mais assim”. Ou seja, eu continuaria tocando na rua. Ou eu seria o meu primo Cisinho e estaria morando com a mãe. (risos)


9) Qual foi a maior loucura que um fã já fez por vocês?

Vavo – Teve uma vez bem legal – que a gente recomenda que não façam de novo – que a gente fez uma viajem lá pro centro-oeste e uma fã, sem consultar a agenda da banda, decidiu nos visitar. Como não estávamos em casa, ela decidiu acampar na frente da nossa casa. Inclusive, ela arranjou um emprego na feira em frente a nossa casa e virou amiga do dono do bar da esquina.

Lucas - Só que a polícia estava procurando ela já.

Vavo - Nesse meio tempo estava tendo toda uma procura por fotologs e orkuts.

Cupper – Tu esqueceu de dizer que ela fugiu de casa.

Tavares – Dois dias depois acharam ela na frente de casa. Os pais dela chegaram com a polícia e tal.

10) Que bandas vocês estão ouvindo atualmente. Vocês costumam baixar músicas ou ir atrás de novidades?

Lucas – Eu baixo música demais. Agora, estou ouvindo Tim Maia Racional. Eu gosto de várias bandas, mas o que mais estou ouvindo é o cd que o Tim Maia compôs nos dois anos em que ele ficou “louco”.

11) Vocês surgiram em Porto Alegre e são de uma leva posterior ao que se convencionou chamar de "rock gaúcho" por aqui (Bidê ou balde, Video Hits e Cachorro Grande). Vocês ouviam ou eram amigos desse pessoal? Em alguma coisa eles influenciaram vocês?

Lucas – Vocês são as melhore jornalistas que eu já vi! São perguntas muito bem formuladas.

Vavo – Nas atitudes.

Tavares – Pra mim, o “rock gaúcho” influenciou em tudo. Na verdade foi um rótulo que foi dado, assim como o “emo”. Um dia as pessoas chegaram e falaram: “é rock gaúcho” então não vai sair daqui.

Lucas– O “rock gaúcho” acabou englobando um monte de coisas, desde o cara natirista até o vídeo-hits. Ou seja, são bandas que não tem muito a ver uma com as outras e a única característica que elas têm em comum é serem gaúchas. Não sei se essas bandas chegaram a influenciar, porque a Fresno já tava rolando quando começou a rolar Bidê ou Balde, mas são bandas que eu gosto muito.

Tavares – Mas desde pequeno a gente ouviu essas bandas, e elas acabaram influenciando a nossa formação musical, até porque eram os ídolos que a gente tinha mais perto, que eram famosas e estavam na nossa cidade.

Lucas – Eu era fã de Comunidade Nin-Jitsu, fã total. (risos)

12) Qual foi a maior evolução que a banda apresentou, desde Quarto dos Livros até o MTV Ao Vivo?

Lucas – Eu acho que em todos os aspectos, a gente até ficou mais bonito. Desde desenvolver esse lado musical de aprender a tocar, de tu gravar o disco num estúdio legal, de ter a convivência, tu saber com quem tu ta tocando, tudo isso marca uma evolução, e essa evolução se dá através desses quatro discos que a gente tem, evoluindo de um pro outro. Se tu vai ouvindo eles na seqüência, tu vê que ele já começa com a nossa cara, mas que ainda é embrionário, que ta começando. O “Redenção” já tem uma identidade que se mantém em todas as músicas, que tem totalmente a nossa cara.

13) Quais são os planos da Fresno para o ano de 2008 e os outros que vão vim?

Vavo – Desse ano é divulgar esse cd (Redenção), toca bastante, tentar conseguir o maior número de fãs possível e espalhar a música pelo país inteiro, porque querendo ou não é uma parte não muito grande do Brasil que conhece a gente.

Lucas – A gente encara o nosso trabalho como uma coisa que ainda ta começando. E aí o que tu tem que fazer é fazer um monte de shows, divulgar esse disco pra tentar fazer ele desovar ao máximo, pra trabsformar a gente numa banda conhecida pra caramba. Não temos um público ou cidades específicas, mas realmente tentar globalizar isso. De repente mais pra frente gravar um dvd, algo assim. Resumindo, é divulgar esse disco que acabou de sair.


Tavares, Vavo, Lucas e Cupper - créditos das fotos Vanessa Kannenberg